Hey there Scribes! Today we have something a bit different for you! This is a story submitted to us by our loyal follower, Eduardo Coelho! This is a short story based on a character we helped create! It is completely in Portuguese, so please enjoy! Let us know what you think!
Essa pequena história inacabada foi criada com a intenção de apresentar uma personagem e acompanhá-la em sua jornada até a guilda de aventureiros à qual se juntaria no início de uma campanha de D&D 5e. O criador do cenário abandonou o mundo e me concedeu liberdade criativa para usá-lo como eu bem entendesse em minhas narrativas, e eu pretendo usar essa liberdade para modificar e concluir a história no futuro.
Contextualização:
Yúla Laf’Lysibrar é filha de uma antiga família da cidade élfica de Moontower, família essa composta por seu pai, sua mãe e suas duas irmãs (uma mais velha e uma mais nova). Seus pais tinham apenas 32 anos quando se conheceram, durante a invasão da cidade, e lutaram bravamente contra seus inimigos. Costas-com-costas, Mal’Ael e Syl’Mara repeliram tantos atacantes quanto foi possível e, houvesse espectadores, nenhum deles jamais imaginaria que se tratava de dois jovens e inexperientes aprendizes. No entanto, os futuros guerreiro e sacerdotisa encontraram seus fins quando um dos portões cedeu e o número de invasores subiu descontroladamente. Ou teriam encontrado, não fosse o bom coração de Luna, deusa protetora de Moontower. Usando grande parte de sua energia, Luna trouxe todos aqueles que lutaram para proteger a cidade de volta à vida e entregou-se aos invasores para que os mesmos deixassem o lugar.
Mal’Ael e Syl’Mara criaram laço forte durante a batalha, tão forte que a própria morte falhou em rompê-lo. Os dois amadureceram juntos e alcançaram excelência em seus ofícios, tornando-se importantes mentores do quartel e do templo. Não criaram fama, mas sua contribuição para a sociedade élfica de Moontower é inquestionável, tendo ambos se tornado pilares fundamentais para suportar a instabilidade causada pelos resultados da “caçada aos deuses” de Mao, especialmente a profanação e morte de sua deusa protetora, Luna.
O último dia de Yúla em Moontower:
Ano 499 após o retorno do sol, dia 21 do mês da Tristeza. Ama’Seh, filha mais nova da família, acaba de completar seu primeiro século de idade e observa sua irmã do meio, 150 anos mais velha, trabalhar na forja.
— Como você aguenta esse lugar? É quente demais aqui!
Yúla segura firmemente um alicate em sua mão direita, erguendo a barra de ferro em brasa que já tem o formato de uma lâmina longa.
— Acredite, você me incomoda mais do que o calor da forja. — diz Yúla, mergulhando a lâmina em um balde d’água, tanto para resfriá-la como para não ouvir a resposta da irmã caçula. — Esta será uma ótima espada — sussurra para si mesma enquanto repousa a lâmina e o martelo sobre a mesa.
A ferreira se vê esgotada depois de uma manhã inteira de trabalho. Suas longas madeixas violeta grudadas ao suor de seu corpo são prova disso. A intensidade do brilho lilás em seus olhos, no entanto, é de quem não está nada satisfeita com os limites do próprio corpo e continuaria ali até o pôr do sol, se possível fosse.
— Você já preparou o almoço? — Pergunta a Ama’Seh enquanto guarda suas ferramentas.
A jovem elfa permanece em silêncio, seus olhos exalando culpa e nada mais.
— Sério, você já tem cem anos! Se você nem dá conta de tarefas tão simples, eu não tenho como te deixar sozinha com a casa! Eu planejo fazer uma viagem bem longa, sabia? Realmente preciso da sua ajuda…
Percebendo que nenhum pedido de desculpas melhoraria o humor da irmã, Ama’Seh sai da forja calada e vai até a cozinha fazer o que precisa ser feito. Yúla pendura seu avental perto das ferramentas e decide se banhar enquanto espera o almoço.
Saindo do banho, Yúla se veste com roupas leves e vai até a sala, onde se senta diante de um grande espelho e começa a trançar os cabelos. O aroma do almoço já toma outros cômodos da casa e Syl’Mara guarda seu livro para colocar a mesa.
— Quando a irmã de vocês volta de viagem? — Pergunta a Yúla, que agora já tem as tranças prontas.
— Já deveria ter voltado, a viagem não era tão longa… É provável que ela se junte a nós para o jantar — responde, enquanto procura um livro na estante da sala. — E o pai? Volta pra casa hoje?
Seus olhos param por um instante em um livro recém guardado: “O Guia Élfico Para Licantropia”, ao mesmo tempo que sua mãe responde:
— Hoje à noite começa a semana de lua sangrenta, ele já deve estar afastado da cidade a essa altura.
“História de Antes do Retorno do Sol vol. 3: Thunderforge” é o livro que Yúla puxa da prateleira e abre em sua marcação para continuar a leitura enquanto Ama’Seh traz o almoço para a mesa.
— Yúla? A mesa está pronta. — diz a mais nova, quebrando o silêncio.
Surpresa com a rapidez da irmã, ou melhor, com a rapidez do tempo em si, ela põe o marcador de volta no livro e o devolve à estante. As três elfas comem e conversam sobre diversos temas dignos de um almoço em família, como o futuro de Ama’Seh e os planos de viagem de Yúla.
O fim da tarde se aproximava enquanto conversavam e, do lado de fora, já era possível ver o brilho vermelho da lua sangrenta escapando pela linha do horizonte.
— Estou de volta! — Diz Yona, a filha mais velha da família, que acabara de chegar em casa.
— Achamos que você não pretendia mais voltar! Suas viagens têm sido cada vez mais longas, logo logo você vai deixar a casa de uma vez por todas — brinca Yúla, apesar de sua preocupação real a respeito da dependência de Ama’Seh.
Já era possível ver a lua por completo no céu, e seu brilho escarlate iluminava o centro da sala através do vitral no telhado do cômodo.
— Você já comeu? Ainda não tiramos a mesa. — diz Syl’Mara, sua voz repleta de gentileza e carinho maternal.
Antes que Yona pudesse responder, o som de vidro quebrando chama a atenção de todos, que olham para cima e veem algo entre um humanoide e um lupino caindo do vitral quebrado sobre a recém chegada elfa, imobilizando-a e preparando um ataque com as garras. Sem um único instante de hesitação, Syl’Mara já empunhava um emblema sagrado de ferro em formato de lua crescente com uma espada atravessada e recitava sua prece:
— Que o esplendor da lua brilhe em meu coração — o emblema, que segura junto ao peito, emite uma intensa luz prateada. — e que o poder de minha deusa prenda meus inimigos ao chão.
A luz emitida pelo emblema começa a tomar forma, e correntes prateadas avançam na direção do lobisomem, imobilizando primeiro seu braço direito, depois o resto do corpo. Yona levanta-se rapidamente e dá um passo largo para trás, saindo do alcance do licantropo. Um longo uivo de sofrimento acompanha lágrimas escorrendo pelo rosto, que tem olhos vermelhos como rubis. Seu corpo, por outro lado, se debate ferozmente, rompendo as correntes de luz que o prendiam e avançando na direção da sacerdotisa. Com suas garras, pressiona o pescoço de Syl’Mara contra a parede, enforcando-a, e morde o braço da mão que segurava o emblema sagrado, desarmando a sacerdotisa. Com a pouca força que lhe resta, Syl’Mara levanta o outro braço e aponta para o espelho da sala. Prata. Essa era a resposta. Segundos depois, os olhos azul-safira da sacerdotisa perdem o brilho e o lobisomem avança na direção das três presas restantes.
— Rápido, para a forja! — Grita Yúla para Ama’Seh, que ainda estava em choque, paralizada.
A jovem elfa reage, mas não a tempo. Uma das mãos do homem-lobo alcança seus cabelos prateados e, com as garras da mão livre, abre um talho enorme em seu pescoço, matando-a quase instantaneamente. As duas sobreviventes correm para a forja subterrânea e a trancam por dentro esperando ganhar algum tempo com isso. Yúla revira o arsenal em busca de algo que fosse útil para lutar contra a criatura do outro lado da porta de aço, que não precisaria de muitas investidas para derrubá-la. Finalmente, encontra um par de adagas gêmeas de prata, que forjara há muito tempo atrás, quando tinha apenas 27 anos. E pensar que já fazia 223 anos desde que seu primeiro trabalho acendera a chama da paixão pela arte da forja em seu coração…
Estendendo uma das adagas para sua irmã, Yúla mostra determinação nos olhos. Yona, igualmente preparada para o combate, pega a adaga e se posiciona, esperando a porta ceder aos ataques impacientes do lobisomem. Eventualmente o inevitável acontece: o lobisomem derruba a porta de aço e entra na forja, ainda desorientado com o impacto da investida. Lá dentro, seu olfato o guia pelas estantes do arsenal por um rastro de sangue fresco que acaba em uma poça.
”É mesmo uma besta” ,pensa Yona, “segue o cheiro de sangue sem perceber que sequer chegou a ferir o oponente…”
Furtivamente, a elfa sai debaixo da lona sob a qual se escondia e se aproxima da criatura, que fareja a poça de sangue. Na mão direita, a adaga de sua irmã; na mão livre, um curativo improvisado. A aproximadamente sete metros do lobisomem, Yona vê suas orelhas eriçadas e percebe que não passará despercebida além disso, mudando a estratégia para uma investida rápida, mesmo que não pudesse proferir um golpe letal. Em um piscar de olhos, os sete metros entre os dois já não existem e a adaga empunhada por Yona penetra o ombro esquerdo do licantropo, que se vira rapidamente, aproveitando o momento do giro para dar um golpe ascendente com as garras da mão direita.
Os reflexos de Yona são muito bons, mas não o suficiente pra evitar por completo o ataque, que corta seu rosto na altura do olho esquerdo. É verdade que elfos, no geral, enxergam muito bem, mas as coisas ficam difíceis com sangue escorrendo de um de seus olhos… Felizmente, o braço esquerdo do homem-lobo pendia, incapacitado pelo golpe certeiro de Yona.
Os dois oponentes agora encaravam-se, sabendo, por instinto ou por razão, que a próxima investida provavelmente decidiria o resultado da batalha. Um repentino som distante de barras de ferro caindo gera um instante de distração no lobisomem, e a elfa aproveita a abertura sem hesitação, mirando no pescoço do lupino, que consegue repelir o ataque por muito pouco, desarmando sua presa. Antes que o lobo pudesse preparar um ataque, no entanto, Yúla vem da direção do barulho, adaga em punho, e dá um golpe certeiro no coração do licantropo, que cai no chão, se debatendo.
Ao passo que sua vida se esvai, o mesmo acontece com a transformação, e é então que Yona e Yúla percebem que aquele que acabara de invadir sua casa e assassinar sua família era Mal’Ael, seu próprio pai. Suas feições são tristes e, engasgando com sangue e lágrimas, o velho elfo só consegue dizer uma coisa:
— Me… Perdoem…
— Não há o que perdoar se em momento algum eu culpei você — sussurra Yúla para si mesma, enquanto se abaixa e ergue o corpo do pai.
Ainda sem saber como reagir ao que aconteceu, Yúla diz, dessa vez em voz alta, para sua irmã:
— Precisamos relatar o ocorrido. Pode deixar que eu cuido da bagunça.
Yona assente e se dirige à saída, enquanto sua irmã carrega lentamente o corpo de Mal’Ael para fora da forja, colocando-o junto ao corpo de Syl’Mara. — É uma pena não terem lutado do mesmo lado dessa vez — sussurra enquanto vai até o corpo de Ama’Seh. — E você… Mal aprendeu a viver e encontrou um fim tão trágico. — A essa altura, já é incapaz de conter as lágrimas.
Yúla volta para a forja, pega as adagas no chão e vai até a mesa, onde procura suas ferramentas para engravar lâminas. Cuidadosamente, faz gravuras idênticas nas duas adagas, com precisão digna de uma elfa. Os dizeres são simples:
21.Sorrow.499
Não é como se ela precisasse disso para não esquecer daquele dia, mas aquelas adagas, que já representavam seu sonho de aprender tudo o que se sabe sobre a arte da forja, agora simbolizavam também o trágico fim daquilo que a impedia de dar início à jornada de sua vida.
Created, written, and revised completed by Eduardo Coelho!
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